Sem sucesso
na negociação coletiva, os clubes da elite do Brasil iniciaram abril em
situações distintas em relação aos salários de jogadores e funcionários durante
a paralisação do futebol. Há quem não mexerá na remuneração, quem ainda tenta
acordo e outros que já acertaram uma redução.
As férias
coletivas já estão em curso, mas
Atlético-MG e Fortaleza foram os que anunciaram um
corte mais profundo na própria carne, chegando a até 25%. O time mineiro manteve
um piso de R$ 5 mil. Ou seja, quem ganha menos que isso não sofre perdas: 77%
dos funcionários, segundo estimativa do presidente Sérgio Sette Câmara. Além
disso, o desconto percentual é escalonado. Os 25% atingem o topo da pirâmide.
No Rio, o Flamengo mantém o salário integral
de abril e já informou no balanço que, caso a interrupção de jogos dure até
três meses, o impacto será “absorvível”, sem
representar risco para as finanças do clube.
O Botafogo,
que do exercício de 2020 pagou só janeiro, decidiu que não mexerá no salário
dos jogadores.
— Não vamos
tomar a decisão de salário agora. Não é algo tão simples, traz desgaste junto
ao elenco. Queremos evitar ao máximo. É uma decisão extrema. Não tem sentido se
precipitar — explicou Luiz Felipe Novis, vice de finanças alvinegro.
O Vasco
conseguiu nesta semana finalmente encerrar os compromissos relativos a 2019. Em
relação aos salários, o clube apostava inicialmente no acordo coletivo com a
Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf). Apesar do
fim das conversas entre a entidade e a comissão de clubes, cuja recomendação é
negociar individualmente, o cruz-maltino ainda não avançou. O presidente
Alexandre Campello mantém diálogo com o capitão Leandro Castan, mas não há
números fechados.
O presidente
do Fluminense, Mário Bittencourt, foi quem capitaneou a negociação com o
sindicato dos jogadores. Mas ele também tem as questões internas para resolver.
Diretores, gerentes e prestadores de serviços toparam 15% de redução salarial
enquanto durar a pandemia. Nesta quarta-feira, o tricolor pagou 25% da folha de
fevereiro, que venceu no quinto dia útil de março.
Na Série A,
há clubes que fecharam acordo com os jogadores, mas evitam revelar o
percentual. É o caso de Ceará e Grêmio. O Bahia também costura acordo:
— Estamos
conversando com os atletas para definirmos até o início da próxima semana. Só
vamos falar em números após o acordo. Estamos fazendo internamente primeiro —
explicou Guilherme Bellintani, presidente do clube baiano.
No futebol
paulista, há um cenário de incerteza em relação ao São Paulo. A primeira
proposta do clube — redução de 50% dos salários — foi rejeitada pelos
jogadores. O Palmeiras quer honrar os compromissos por inteiro. O Santos segue
essa linha, enquanto o Corinthians analisa o cenário de crise antes de
formalizar qualquer movimentação.
O
Atlético-GO vive um certo aperto. Decidiu pagar março integralmente, mas abril
é uma incógnita, até porque precisa lidar com a saída de patrocinadores.
— Esperamos
que haja alguma medida do governo e da CBF. Nosso segmento emprega muita gente
— disse o presidente Adson Batista.
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