Medalha de bronze no Mundial e prata nos Jogos Pan-americanos de Lima, Hebert Conceição é um dos três boxeadores baianos, além de Bia Ferreira e Keno Marley, classificados para os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. Sem meias palavras, ele antecipa que a medalha que ele buscará no Japão será a dourada.
“Minha expectativa é a melhor possível. Eu estou indo em busca do ouro, mas claro que o pensamento tem que ser passo a passo, porque antes de chegar na medalha preciso passar pelas fases eliminatórias, então estou focado luta a luta”, respondeu o pugilista de 23 anos, nascido em Salvador, onde cresceu no boxe treinando na academia Champion.
Sua entrada na academia ocorreu quando ele tinha 15 anos. Em princípio, a intenção ao procurar o técnico Luiz Dórea era dar um ponto final em uma luta recorrente contra a balança. Na época, Conceição estava perdendo a luta contra o próprio peso, que estava um pouco acima do normal. O convívio com outros atletas em um ambiente de alto rendimento, por onde passaram nomes como Acelino Popó e ainda treina o campeão olímpico Robson Conceição, acabou despertando a sua competitividade.
Com o tempo, ganhou também motivação para se tornar um entre os grandes campeões. “Me espelho neles. Popó tem grande história no boxe profissional e Robson no olímpico. Minha inspiração principal é Robson Conceição, pelo fato de estar mais próximo, por poder conhecer mais de perto sua história e ter visto sua batalha até chegar ao ouro olímpico. Isso me inspira muito”, confessou.
Após um ciclo marcado por problemas devido à pandemia, ele não vê a hora de representar o país no ringue em Tóquio. “Estou muito ansioso. Esse é o momento que eu mais esperava, que eu imaginava desde quando comecei a treinar boxe. Agora é controlar a ansiedade para ela não me atrapalhar e colocar todo o trabalho de anos em prática”, resumiu o atleta.
A tranquilidade aumentou com a imunização promovida pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB). “Consegui me vacinar com as duas doses antes de viajar para os Jogos, e ainda assim tendo todos os cuidados, evitando frequentar locais com muita gente e tentando manter contato somente com pessoas que fazem parte do meu dia a dia, como os meus companheiros de treino. Também venho recomendando a eles os mesmos cuidados, para não haver o risco de um contaminar o outro”, explicou.
Pedra no sapato
Com base nos próprios resultados e incentivado pela inclusão em projeções de especialistas sobre cotados ao pódio em Tóquio, Conceição é um misto de respeito aos adversários e confiança no próprio potencial. “Meu treinamento tem sido com foco na medalha de ouro. É bom saber que nas projeções eles analisaram que eu voltarei pelo menos com uma medalha de bronze. Mas as análises podem ter margem de erro. Tomara que essa margem seja pra mais e eles tenham confundido o bronze com o ouro, até porque as cores se parecem”, comentou, rindo.
Hebert classifica a sua categoria como uma das mais difíceis do boxe. Ele enxerga total equilíbrio, com duas exceções. “Tem o ucraniano Oleksandr Khyzhniak e o Russo Gleb Bakshi, ambos campeões mundiais, como principais rivais, pelo fato de ambos terem me vencido em lutas equilibradíssimas”, destacou.
O russo tem se revelado uma pedra no sapato de Hebert, que foi derrotado por Bakshi no Mundial de 2019, disputado na cidade russa de Ecaterimburgo. Conceição foi derrubando adversários até as semifinais, e aí encontrou o russo em seu caminho. Bakshi terminou com o ouro.
O revés não tira a confiança do técnico Amonio Silva no pupilo e em suas condições de enfrentar os principais adversários, representados por Cuba, Estados Unidos, Rússia e Ucrânia. “O mais importante é que na Olimpíada os brasileiros não se cruzam com os atuais campeões, porque serão cabeças de chave. Os melhores de cada continente só vão se pegar da segunda rodada em diante, de acordo com o sorteio. Isto nos dá uma chance ainda maior de chegar a disputa da medalha”, explicou o treinador.
Fonte Atarde
Foto Adilton Venegeroles/ Ag Atarde
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